terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O CAPACETE

O CAPACETE

Em Efésios 6:13 a 17, aprendemos que, em seu combate contra os poderes espirituais diabólicos, descritos como "os principados, as potestades, os príncipes das trevas deste século, as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais", o crente deve se defender com uma armadura espiritual, que Deus lhe fornece para esse fim.

Todos os itens dessa armadura procedem da palavra de Deus, a Bíblia, e apenas dela: a verdade, a justiça, a preparação do evangelho da paz, a fé, a salvação. O "evangelho da paz" é a mensagem de Deus contida na Bíblia, fornecida à humanidade perdida para ensinar-lhe o caminho da reconciliação com Ele.

O capacete é parte dessa armadura: ele é uma proteção para a cabeça, em diversas formas, feito especialmente para resistir a impactos e proteger contra a penetração de agentes nocivos. Duas vezes é usada por Paulo como um símbolo da salvação, ou esperança dela (versículo 17 e 1 Tessalonicenses 5:8).

Assim como o capacete protege a cabeça do combatente, a convicção do crente em sua salvação é essencial para a defesa da sua mente nesse combate. Essa convicção vem mediante o conhecimento da palavra de Deus e a sua fé nela.

Os falsos ensinos sempre têm sido usados pelo diabo para contaminar os crentes, e com grande sucesso, haja vista o grande número de heresias e seitas que têm surgido. Vejamos, a seguir, algumas enfermidades mentais espirituais que as hostes das trevas estão atualmente espalhando pelas igrejas, segundo uma classificação feita por Peter J Gadsden.

São contagiosas, se o crente não estiver usando o seu capacete:

  1. A esquizofrenia originada pelo "novo evangelicalismo": este despreza a doutrina da inspiração das escrituras, e promove a infiltração da igreja dentro do mundo ao invés da separação bíblica. Tem como alvo conquistar o mundo para Cristo, afrouxando a mensagem do Evangelho para torná-la mais agradável ao paladar do mundo, enfatiza o amor e dá pouca relevância à justiça, à obediência a Deus e à santificação da vida do crente. (2 Coríntios 6:17).
  2. O tumor do ecumenismo que tem por objetivo uma união com a Babilônia religiosa, inimiga feroz dos "santos e das testemunhas de Jesus" (Apocalipse 17:6).
  3. A infecção do evangelismo ecumênico, expresso na harmonização da mensagem do Evangelho, dos hinos e dos cultos, com várias heresias e seitas, sem o cuidado de observar meticulosamente o que ensina a Palavra de Deus. Produz uma espécie de meningite espiritual, paralisando a ação do Espírito Santo na igreja (Colossenses 3:16,17).
  4. A demência do movimento carismático, com crescentes elementos de atividade maníaca, incluindo o agir e latir como cães e as risadas contagiantes. Julgam que isso é que vem a ser o enchimento com o Espírito Santo, mas é loucura. (Efésios 4:30).
  5. A paralisia do modernismo, que tem afetado a grande maioria das igrejas que se dizem cristãs. Seus líderes pensam que têm autoridade e competência para julgar a seu modo o que é relevante no ensino bíblico e esquecer o demais. Paralisam as mentes do povo com seus ensinos falsos e liberais e o seu desestímulo ao estudo detalhado de toda a Bíblia. (Judas 18,19).
  6. A alienação mental do "versionismo" moderno da Bíblia, com versões feitas para agradar vários grupos, mas que contêm enganos, alguns muito sutis. Algumas versões, porém, têm o claro propósito de dar fundamento a doutrinas falsas. (2 Pedro 1:20,21).
  7. A depressão do arminianismo, que afirma que uma pessoa mediante os seus próprios esforços pode alcançar e depois perder a salvação da sua alma. (João 10:28).
  8. Os colapsos nervosos dos que se convencem de que têm que se salvar pelas suas obras, pelos seus sacrifícios pessoais, pela obediência às tradições humanas e por doutrinas de demônios. (Romanos 3:23,24,27).

Quem protege sua cabeça com o capacete da salvação defende-se do contágio com essas enfermidades satânicas. A sua esperança não está firmada em vãs doutrinas humanas, na inconstância das tradições e na vacuidade do livre arbítrio, mas na palavra de Deus, e na pedra angular da Igreja, que é Cristo.

Esse capacete o protegerá e preservará através de todas as provas e tentações lançadas por Satanás, e enfim ele se apresentará vitorioso e incólume diante do tribunal de Cristo, quando o seu dia chegar.

PORTAS, CAMINHOS, CASAS

Mateus 7.13-29

"Concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da Sua doutrina". No Sermão do Monte, ouve muita coisa que espantou os ouvintes. Nele o Senhor expôs claramente os erros dos mestres profissionais (rabinos e escribas), mostrando a verdadeira significação das Escrituras e apresentando a verdade com toda a certeza e autoridade.

Neste trecho final, o Senhor exige não somente o assento mental aos Seus ensinos como também um caráter inteiramente renovado. Moisés exigira a mesma coisa Dt. 30.15-20; todos os grandes profetas semelhantemente insistiram numa resposta ativa e prática às suas exortações.

O Senhor não chama os homens para uma senda fácil. A porta que conduz para a vida eterna é "estreita", e o caminho "apertado". Haverá restrições, sacrifícios e até perseguições. Por isso é certo que a maioria dos homens rejeitarão o convite do Senhor. Mas o Senhor não modificou as Suas condições para atraí-los; temos a Sua regra geral em Mc 8.34: "Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me".

Essa cruz não é mera sentimentalidade; a palavra "cruz" faria estremecer cada ouvinte, pois a crucificação foi a morte mais cruel e vergonhosa já inventada. O Senhor sabia que Ele mesmo teria de glorificar o Pai por meio de sofrer a morte da cruz; todavia Ele chamou a todos os que quisessem entrar na vida, para O seguirem nesse caminho. Teriam que ser pessoas de devoção absoluta, prontas para qualquer medida de abnegação e sofrimento.

Será que hoje em dia, a nossa apresentação do Evangelho está sempre em harmonia com tudo isso?... O Senhor avisa que a porta da vida é estreito e o caminho apertado, porém nós preferimos persuadir ao povo que tudo é fácil – é só "aceitar a Cristo" e não haverá mais problemas!

Outrossim, Ele mostra que não se conseguirá a entrada no Reino pela simples profissão de fé, porém quantas pregações parecem alvejar somente esta! Temos ouvido sermões explicando que os homens que "edificam as suas casas na rocha" ou "na areia" são respectivamente os que confessam Cristo e os que O rejeitam; porém é exatamente isto que o Senhor está negando. "Edificar na rocha" significa "ouvir e praticar estas Minhas palavras"; a confissão de fé em Cristo será inútil se não produzir conduta apropriada.

Os que "crêem" mas não obedecem, Ele os chama de "hipócritas". Cada profeta do Velho Testamento ataca semelhante superficialidade (Is 1.3-20; Am 5.21-24; Ml 1.6-7; 2.7-9). Com respeito aos falsos ensinadores, o Senhor nos dá uma prova bem prática: "Pelos seus frutos os conhecereis"; não sempre pela doutrina, mas sim pela sua conduta ("fruto" está explicado em Gl 5.22-23).

Mesmo a confissão certa com respeito à pessoa de Cristo – "Senhor, Senhor" – nada vale se não for acompanhada pela obediência à Palavra de Deus. Grandes movimentos religiosos, "conversões" maravilhosas, até mesmo acontecimentos milagrosos, podem ser realizados por pessoas enganadoras; mas o Senhor se recusa a reconhece-las. Se a nossa fé for genuína, o resultado será uma vida em conformidade com os ensinos Dele; se não produzir este resultado, é insincera.

É pelo arrependimento com respeito ao pecado, e pela fé na pessoa de Cristo – "crendo no testemunho de Deus acerca de Seu Filho" (1ª Jo 5.10) – que se entra pela porta estreita; e é pelo Espírito Santo, "renovando a nossa mente" (Rm 12.2), que podemos andar no caminho apertado, produzindo as "boas obras" para as quais fomos "criados em Cristo Jesus" (Ef 2.10).

Assim descobriremos que o caminho, embora estreito, não é intransitável; e confirmaremos as palavras do Senhor: "Meu jugo é suave e meu fardo é leve" (Mt 11.30). (*)

ABRINDO NOSSO TESOURO

ABRINDO NOSSO TESOURO
“... todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”
(Mateus 13:52)

Nestas palavras do Senhor Jesus vemos a transformação operada em um escriba que se faz discípulo do reino dos céus: o escriba, estudante e mestre da lei em Israel, ocupava-se só com as coisas velhas do passado, mas o discípulo acompanha o seu Mestre e o seu tesouro agora contém coisas novas, além das velhas, e ele as aprende para seu próprio uso e para ensinar aos outros.

São assim as Escrituras Sagradas, pois a Bíblia se compõe de coisas velhas, o Antigo Testamento, e de coisas novas, o Novo Testamento. É uma biblioteca com sessenta e seis livros, escritos originalmente em um punhado de idiomas através de milênios, por autores de diversas ocupações, desde reis até pescadores, dos quais uma pequena minoria se conhecia pessoalmente.

No entanto, a leitura dos seus livros nos indica claramente que todos eles têm em comum um Autor Supremo, e por causa disso compõem uma Obra completa e harmoniosa, um só Tema, uma Mensagem vinda do próprio Criador, e a história da humanidade, desde o seu início até o distante porvir, focalizando-se apenas nos fatos mais importantes para a nossa instrução. Ao contrário de praticamente todas as obras literárias, pouco ou nada se sabe sobre alguns dos seus autores humanos, pois nenhum se apresenta em prólogo e seu nome apenas consta do texto quando é parte da narrativa.

A Bíblia é um tesouro inexaurível, que nos surpreende pelas riquezas que contém, prontas a serem descobertas e aproveitadas. O seu conteúdo divino é poderoso para salvar e transformar as almas, pois “a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4:12). Vamos abrir o nosso tesouro conscientes do imenso valor que tem, e permitir que a sua mensagem nos encaminhe pelas veredas divinas.

A Palavra de Deus é poderosa para convencer o homem da sua situação faltosa diante do Criador, o que é chamado “pecado” na Bíblia, e de fazê-lo compreender o grande Preço que Ele pagou para que fosse perdoado, desde que se arrependa e tenha humildade suficiente para aceitar esse Preço e submeter-se à vontade de Deus. Tudo está lá em suas minúcias, e a isto chamamos o Evangelho (“notícias boas”) de Cristo.

Já se propuseram vários métodos para facilitar a leitura dessa biblioteca de Deus, variando em seu grau de simplicidade e profundidade conforme o nível intelectual e espiritual daqueles a quem são dirigidos. Fundamentalmente, o tesouro se abre com uma chave de uso geral que compreende as regras de interpretação, chamada “hermenêutica”. A interpretação correta das Escrituras é quase tão importante quanto a doutrina da sua inspiração verbal divina, pois é a interpretação errônea que dá origem à maioria das heresias e outros males que vemos por aí. Vejamos as regras de interpretação:

1.

Espécie de literatura: antes de se ler um texto, verificar sempre a que espécie de literatura pertence: nosso tesouro tem várias, como relato histórico, composição poética, parábola, carta de ensino, e profecia. Se for relato histórico, o texto descreve fatos que realmente aconteceram; se poesia, a linguagem é figurada, com uso de metáforas; as parábolas são narrativas de fatos comuns ou alegóricos que encerram um preceito; as cartas contêm mensagens, ensinos e explicações sobre temas e textos bíblicos; as profecias são mensagens vindas de Deus através de homens escolhidos, incluindo informações sobre acontecimentos futuros, cuja autenticidade é provada pela sua realização, às vezes séculos mais tarde.
2.

Contexto físico: para se entender um texto é essencial estudar o contexto físico: a natureza das pessoas envolvidas, o tópico, e o seu relacionamento com os versículos imediatos, etc.
3.

Contexto histórico: descobrir o que estava acontecendo quando o texto foi escrito, ou a que está se referindo. Só assim é possível compreender muitas das profecias do Velho Testamento, e também verificar o seu cumprimento, ou acompanhar o sentimento revelado nos Salmos, etc. Na maioria das vezes o contexto histórico pode ser encontrado na própria Bíblia, mas uma boa enciclopédia pode também dar informações esclarecedoras, como seriam os povos e costumes comuns da época, religiões, etc.
4.

Significado das palavras: depois de termos identificado o tipo de literatura, e os contextos da passagem em consideração, é importante estudar o sentido gramatical e o significado das palavras. Sempre deveríamos procurar o significado literal, sem logo assumir que haja algum sentido misterioso, oculto. Se o sentido literal faz sentido, não procuremos encontrar outro sentido. O Senhor Jesus dizia: “Não tendes lido... ?” (Mateus 19:4, Lucas 6:3). Evidentemente Ele assim confirma que as Escrituras são claras, literais. Um pouco dessa clareza às vezes se perde por causa da tradução feita para uma língua que não tem um equivalente perfeito da expressão nos idiomas originais, ou uma palavra que tem vários sentidos diferentes, dependendo do seu contexto. Para não interpretar incorretamente, sempre que houver dúvida deve-se verificar como a palavra é usada na passagem, em outras passagens do mesmo autor, e em outras partes da Bíblia. Algumas Bíblias facilitam a procura indicando as concordâncias, existem obras de concordâncias publicadas como a de Strong, e mesmo programas de computador gratuitos como e-Sword. A Bíblia também usa figuras de linguagem, e é essencial reconhecê-las para compreender corretamente algumas passagens bíblicas. Quando a Bíblia usa um símile, uma metáfora ou uma hipérbole, a passagem deveria ser interpretada de acordo com o uso normal desse tipo de linguagem. Em outras palavras, não se pretende que tudo na Bíblia seja entendido literalmente, mas as figuras de linguagem se identificam claramente dentro do contexto. Por exemplo, o primeiro capítulo de Gênesis é um relato histórico, portanto não cabe ali a interpretação de que seja uma figura de linguagem. O contexto é crucial.
5.

Harmonia: sendo a Bíblia inspirada pelo Deus da verdade, ela não se contradiz. As Escrituras estão todas em harmonia entre si. Devemos, portanto, comparar texto com texto para ter certeza que nossa interpretação é correta. Se houver desarmonia, o erro foi nosso e precisamos examinar o texto mais cuidadosamente.
6.

Relevância: tendo Deus entregue a Bíblia para a transformação da nossa vida, e não simplesmente para nosso estímulo intelectual, o texto terá sempre alguma relevância para nós. Isto não faz parte do processo de interpretação, mas é mediante confiar e obedecer à Palavra de Deus que a compreendemos melhor (Mateus 13:14-17).
7.

Alerta: esta última regra é uma advertência: cuidado com os falsos mestres e enganadores. O Senhor Jesus nos preveniu contra os líderes religiosos que usam a tradição dos homens para invalidar a Palavra de Deus (Marcos 7:5-13). O apóstolo Paulo preveniu os crentes da igreja de Corinto contra os que usam as Escrituras para seus próprios fins, muitas vezes para seu ganho pessoal (2 Coríntios 2:17). O apóstolo Pedro nos preveniu contra gente que torce alguns pontos difíceis de entender para sua própria perdição (2 Pedro 3:16). É preciso ter muita precaução contra os que “descobrem” algo novo e surpreendente na Bíblia, bem como os que “enfeitam” o relato bíblico e tratam os seus acréscimos como se tivessem a aprovação de Deus. Os crentes devem, por isso, manejar bem a Palavra da Verdade (2 Timóteo 2:15).

A vontade de Deus é que aprendamos e apliquemos a Sua Palavra às nossas vidas. Ao invés de procurar ajustar a Bíblia aos nossos pensamentos, ao seguir estas regras sensatas estaremos habilitados a compreender melhor o que Deus está realmente dizendo e o que isto significa para nós.

Assim, poderemos abrir o nosso tesouro para de lá reverentemente tirar tudo que precisamos para nortear sabiamente a nossa vida, aprofundando-nos cada vez mais nas maravilhas que Deus, por meio dela, vai nos revelando, e acompanhar os ensinos e o exemplo dados pelo nosso Salvador e Mestre, o Senhor Jesus Cristo.

Harmonizemos, portanto, as nossas vidas com a Sua Palavra e, obedientes, sigamos o Seu caminho que nos conduz à eternidade em paz e comunhão com o nosso sublime Criador.

DESOBEDIÊNCIA DESASTROSA DO PROFETA NOVO.

DESOBEDIÊNCIA DESASTROSA

Quando Deus dá uma ordem, Ele espera que tal ordem seja obedecida. Caso contrário, as conseqüências podem ser graves e até desastrosas. Por um só ato de desobediência Moisés perdeu o direito de entrar na terra de Canaã; pela mesma razão, certo profeta, depois de ter feito muitas proezas perdeu a vida.

Consta do Primeiro Livro dos Reis cap. 13, a comovente história do referido profeta. A Bíblia não lhe dá o seu nome, mas chama-o sempre de "um homem de Deus" v. 1 e "o profeta" v.2. Naquele tempo dez tribos israelitas tinham-se separado das outras duas, formando um reino independente sob o governo do "rei" usurpador Jeroboão, mantendo um altar com seus "sacerdotes" separatistas, em Betel, cidade situada a uns 30 quilômetros ao norte de Jerusalém.

Deus enviou a Betel um profeta de Judá, ordenando-lhe que pregasse contra o altar e voltasse imediatamente por outro caminho, sem demorar-se nem mesmo para tomar refeição em qualquer lugar. As instruções eram um tanto rigorosas e, talvez, perigosas, mas eram divinas, claras e, portanto deviam ser obedecidas.

Primeiramente tudo correu bem. O profeta foi até Betel, achou o lugar onde estava o altar idólatra e ali encontrou até o próprio rei Jeroboão queimando incenso. Sem hesitar o profeta anunciou a mensagem que Deus lhe deu, isto é, que o futuro rei de Judá (Josias) mataria os sacerdotes de Betel e queimaria os seus ossos sobre aquele mesmo altar.

Ao ouvir isto, o rei Jeroboão zangou-se e estendeu a mão sobre o altar, dizendo: "Prendei-o". Mas a mão que ele estendera contra o profeta secou-se e ele não a podia recolher. O altar fendeu-se e dele a cinza se derramou. O rei, amedrontado, implorou ao profeta que pedisse a Deus a cura da sua mão. Tendo o profeta feito isto, a mão do rei foi restaurada. Este, humilhado e ainda espantado, pediu ao profeta que fosse descansar e jantar consigo no palácio real e prometeu-lhe um galardão. O profeta recusou o convite de Jeroboão, explicando-lhe as instruções que Deus tinha lhe dado e partiu de volta para Judéia por um caminho oposto àquele pelo qual chegara a Betel.

Bem, até este ponto o profeta obedeceu fielmente às instruções que Deus lhe havia dado. Agora, porém, ocorre um desastre fatal. Um profeta velho que morava naquela redondeza, tendo ouvido os acontecimentos em Betel, foi encontrar-se com o homem de Deus e convidou-o a ir com ele para a sua casa e ali tomar uma refeição. O homem de Deus recusou, explicando-lhe as instruções que recebera de Deus. O profeta velho, porém, alegando que Deus, por meio de um anjo, tinha-lhe dado outras instruções para o homem de Deus, o que era mentira, persuadiu-o a voltar e a comer na casa dele. Depois de terem comido, o Senhor, através do profeta velho, anunciou que o homem de Deus, por ter desobedecido à ordem divina que recebera, morreria e não teria o privilégio de ser sepultado em sua própria terra.

Isto aconteceu de fato, pois naquele mesmo dia, viajando o homem de Deus de volta à sua terra, foi morto por um leão, sendo sepultado em Betel pelo profeta velho.

Neste acontecimento bíblico vemos como um homem de Deus - um profeta - honrou ao Senhor em cumprir uma tarefa perigosa, mas no fim, por desobedecer às instruções num só ponto, perdeu a vida. Note: é costume chamá-lo de "profeta novo", mas a Bíblia não diz qual era a idade dele.

Ele possuía uma natureza bondosa, pois pediu a Deus a cura da mão ressecada do rei Jeroboão. Era, também, corajoso, pois profetizou contra o altar de Betel na presença do rei e dos sacerdotes ali presentes. Era, corajoso também, pois ousou recusar o convite do rei v v 7-9.

Apesar de tudo isto ele falhou ao fim por acompanhar o "velho profeta", acreditando que a sua incrível história fosse verdadeira e que, de fato, Deus mudara as instruções que anteriormente lhe havia dado. O "homem de Deus", acreditando na palavra dum mero homem, desobedeceu às instruções claras que recebera do Senhor e, em conseqüência disso, morreu tragicamente e foi sepultado em sepulcro alheio.

Talvez a nossa primeira reação a esta história, seja pensar que Deus pareceu injusto ao decretar a morte do primeiro profeta, que tão fielmente O servira e, entretanto, poupar o velho, em cuja mentira o outro acreditou.

Lembremo-nos, todavia, das palavras do profeta Samuel: "O obedecer é melhor do que o sacrificar" (1 Samuel 15.22). Deus exige obediência antes de tudo. "Por um só ato de desobediência veio o juízo sobre todos" Romanos 5.18. Isto refere-se ao pecado de Adão, o qual desobedeceu ao único mandamento que Deus lhe deu.

Em 1 Reis 20.35-36 temos o registro de um acontecimento semelhante ao do capítulo 13. Leia-o e veja a semelhança: uma ordem do Senhor, não cumprida, resultando em morte nas garras de um leão.

Por estes exemplos, e por muitos outros, Deus quer nos ensinar a grande verdade da obediência às Suas ordens e os tristes resultados da desobediência.

Graças a Deus houve UM HOMEM que obedeceu a Deus em tudo, mesmo até a morte na cruz. Deste modo, "pela obediência de UM, muitos se tornarão justos" (Romanos 5.19).