Mateus 7.13-29
"Concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da Sua doutrina". No Sermão do Monte, ouve muita coisa que espantou os ouvintes. Nele o Senhor expôs claramente os erros dos mestres profissionais (rabinos e escribas), mostrando a verdadeira significação das Escrituras e apresentando a verdade com toda a certeza e autoridade.
Neste trecho final, o Senhor exige não somente o assento mental aos Seus ensinos como também um caráter inteiramente renovado. Moisés exigira a mesma coisa Dt. 30.15-20; todos os grandes profetas semelhantemente insistiram numa resposta ativa e prática às suas exortações.
O Senhor não chama os homens para uma senda fácil. A porta que conduz para a vida eterna é "estreita", e o caminho "apertado". Haverá restrições, sacrifícios e até perseguições. Por isso é certo que a maioria dos homens rejeitarão o convite do Senhor. Mas o Senhor não modificou as Suas condições para atraí-los; temos a Sua regra geral em Mc 8.34: "Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me".
Essa cruz não é mera sentimentalidade; a palavra "cruz" faria estremecer cada ouvinte, pois a crucificação foi a morte mais cruel e vergonhosa já inventada. O Senhor sabia que Ele mesmo teria de glorificar o Pai por meio de sofrer a morte da cruz; todavia Ele chamou a todos os que quisessem entrar na vida, para O seguirem nesse caminho. Teriam que ser pessoas de devoção absoluta, prontas para qualquer medida de abnegação e sofrimento.
Será que hoje em dia, a nossa apresentação do Evangelho está sempre em harmonia com tudo isso?... O Senhor avisa que a porta da vida é estreito e o caminho apertado, porém nós preferimos persuadir ao povo que tudo é fácil – é só "aceitar a Cristo" e não haverá mais problemas!
Outrossim, Ele mostra que não se conseguirá a entrada no Reino pela simples profissão de fé, porém quantas pregações parecem alvejar somente esta! Temos ouvido sermões explicando que os homens que "edificam as suas casas na rocha" ou "na areia" são respectivamente os que confessam Cristo e os que O rejeitam; porém é exatamente isto que o Senhor está negando. "Edificar na rocha" significa "ouvir e praticar estas Minhas palavras"; a confissão de fé em Cristo será inútil se não produzir conduta apropriada.
Os que "crêem" mas não obedecem, Ele os chama de "hipócritas". Cada profeta do Velho Testamento ataca semelhante superficialidade (Is 1.3-20; Am 5.21-24; Ml 1.6-7; 2.7-9). Com respeito aos falsos ensinadores, o Senhor nos dá uma prova bem prática: "Pelos seus frutos os conhecereis"; não sempre pela doutrina, mas sim pela sua conduta ("fruto" está explicado em Gl 5.22-23).
Mesmo a confissão certa com respeito à pessoa de Cristo – "Senhor, Senhor" – nada vale se não for acompanhada pela obediência à Palavra de Deus. Grandes movimentos religiosos, "conversões" maravilhosas, até mesmo acontecimentos milagrosos, podem ser realizados por pessoas enganadoras; mas o Senhor se recusa a reconhece-las. Se a nossa fé for genuína, o resultado será uma vida em conformidade com os ensinos Dele; se não produzir este resultado, é insincera.
É pelo arrependimento com respeito ao pecado, e pela fé na pessoa de Cristo – "crendo no testemunho de Deus acerca de Seu Filho" (1ª Jo 5.10) – que se entra pela porta estreita; e é pelo Espírito Santo, "renovando a nossa mente" (Rm 12.2), que podemos andar no caminho apertado, produzindo as "boas obras" para as quais fomos "criados em Cristo Jesus" (Ef 2.10).
Assim descobriremos que o caminho, embora estreito, não é intransitável; e confirmaremos as palavras do Senhor: "Meu jugo é suave e meu fardo é leve" (Mt 11.30). (*)
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